domingo, 20 de junho de 2010

Memória

Trabalho a partir de memórias pessoais ligadas a determinado objeto – o objeto perdido, tentando produzir, com a luz e as imagens, a idéia de como as coisas se situam na memória e no inconsciente.

A luz – ou luminosidade – é constituinte do trabalho e fator determinante para a questão de como vemos as imagens da memória. Conforme Ernst Bloch, “em nenhum lugar o olhar interior ilumina de forma homogênea. Ele economiza luz, clareando apenas alguns espaços dentro de nós” (2005, p.115). De acordo com Bloch, as imagens que se formam a partir de nossa memória, no âmbito do interior, são como que pontos iluminados, que enxergamos alternadamente. O que está iluminado no momento é visto. Há partes mais e menos iluminadas. Há imagens não iluminadas, no entanto, presentes e que, em algum momento, podem vir a estar iluminadas, enquanto que outras, no momento iluminadas, podem passar para o espaço não iluminado. Ele chama este lugar não de inconsciente, mas de ainda-não-consciente.



Andrea Hofstaetter, Aura, Projeto Ancoragens Afetivas, 2006.
Imagem digital e néon.

Dimensões: 63 cm de diâmetro.

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